quarta-feira, 29 de maio de 2013

TECNOLOGIA TEMPO e DECADÊNCIA

Tempo e Decadência

Quando a tecnologia e o dinheiro tiverem conquistado o mundo; quando qualquer acontecimento em qualquer lugar e a qualquer tempo se tiver tornado acessível com rapidez; quando se puder assistir em tempo real a um atentado no ocidente e a um concerto sinfônico no oriente; quando tempo significar apenas rapidez online; quando o tempo, como história, houver desaparecido da existência de todos os povos, quando um esportista ou artista de mercado valer como grande homem de um povo; quando as cifras em milhões significarem triunfo, – então, justamente então – reviverão como fantasma as perguntas: para quê? Para onde? E agora? A decadência dos povos já terá ido tão longe, que quase não terão mais força de espírito para ver e avaliar a decadência simplesmente como… Decadência. Essa constatação nada tem a ver com pessimismo cultural, nem tampouco, com otimismo… O obscurecimento do mundo, a destruição da terra, a massificação do homem, a suspeita odiosa contra tudo que é criador e livre, já atingiu tais dimensões, que categorias tão pueris, como pessimismo e otimismo, já haverão de ter-se tornado ridículas.

Martin Heidegger por Antônio Abujamra
TV Cultura


Martin Heidegger 

sábado, 25 de maio de 2013

O TEMPO e o RELÓGIO

O Relógio


Não há nada que diferencie tanto a sociedade Ocidental de nossos dias das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente do que o conceito de tempo. Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os nômades árabes ou para o peão mexicano de hoje, o tempo é representado pelos processos cíclicos da natureza, pela sucessão dos dias e das noites, pela passagem das estações. Os nômades e os fazendeiros costumavam medir – e ainda o fazem hoje – seu dia do amanhecer até o crepúsculo e os anos em termos de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios.
O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos, como um artesão, durante tanto tempo quanto julgasse necessário. O tempo era visto como um processo natural de mudanças e os homens não se preocupavam em medi-lo com exatidão. Por essa razão, civilizações que eram altamente desenvolvidas sob outros aspectos dispunham de meios bastante primitivos para medir o tempo: a ampulheta cheia que escorria, o relógio de sol inútil num dia sombrio, a vela ou a lâmpada onde o resto de óleo ou cera que permanecia sem queimar indicava as horas. Todos esses dispositivos forneciam medidas aproximadas de tempo e tornavam-se muitas vezes falhos pelas condições do clima ou pela inabilidade daqueles que os manipulavam. Em nenhum lugar do mundo antigo ou da Idade Média havia mais do que uma pequeníssima minoria de homens que se preocupassem realmente em medir o tempo em termos de exatidão matemática.
O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, transformando-o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas de uvas. E, pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores, o relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina...
O relógio ofereceu os meios através do qual o tempo – algo tão indefinível que nenhuma filosofia conseguira ainda determinar sua natureza – passou a ser medido concretamente em termos mais palpáveis de espaço, dado pela circunstância do mostrador do relógio. O tempo, como duração, perdeu sua importância e os homens começaram a falar em extensões de tempo como se estivessem falando em metros de algodão. Assim o tempo, agora representado por símbolos matemáticos, passou a ser visto como uma mercadoria que podia ser comprada e vendida como qualquer outra mercadoria...
Agora são os movimentos do relógio que vão determinar o ritmo da vida do ser humano - os homens se tornaram escravos de uma ideia de tempo que eles mesmos criaram e são dominados por esse temor tal como aconteceu com Frankenstein. Numa sociedade livre e saudável, essa dominação do homem por máquinas por ele mesmo construídas chega a ser ridícula, mais ridícula até do que o domínio do homem pelo homem. A contagem do tempo deveria ser relegada à sua verdadeira função, como uma forma de referência e um meio para coordenar as atividades do ser humano, que voltaria a ter uma visão mais equilibrada da vida, já não mais dominada pelos regulamentos impostos pelo tempo e pela adoração ao relógio. A liberdade completa implica a libertação da ditadura das abstrações, tanto quanto a libertação do comando dos homens.
*grifos nossos   

George Woodcock em A Ditadura do Relógio

George Woodcock (1912/1995)

*

O Tempo

Tempo de Tempo e não Tempo

Deus Cronos


Tempo é tempo vivido
não há tempo passado
quando a vivência não era 

tempo  tempo futuro

quando a vivência não será

geradores do tempo
de um instante concebido
encompridaram à eternidade

dizer que não há tempo
é tão absurdo
quanto dizer que ele há

o tempo se desfaz
no tempo que se liberta
pela ausência do temporalizador
.

                               ...de um certo Anônimo

*

O Eterno

A Morte e o Amor

 

Só a morte põe fim seguro

Às dores e aflições da vida.

A vida, porém, temerosa,

Tudo faz para adiar esse encontro.               
 

É que a vida vê da morte

Apenas a mão sombria

E fecha os olhos à luzente taça 

Que a mesma morte lhe oferece.

 

Assim também foge do amor

O coração apaixonado,

Receoso de um dia morrer

Da mesma paixão por que vive.

 

Lá onde nasce o verdadeiro amor

Morre o “eu”, esse tenebroso déspota.

Tu o deixas expirar no negror da noite

E livre respiras à luz da manhã.

                 Poesia: A Morte e o Amor de Rumi               

Jalal ad-Din Muhammad RUMI

quarta-feira, 22 de maio de 2013

HUXLEY e o ADMIRÁVEL MUNDO NOVO

Um Velho Novo Mundo 

Haverá na próxima geração, ou talvez um pouco mais tarde, um método farmacológico um método de fazer as pessoas amarem sua servidão e produzir ditaduras sem lágrimas, por assim dizer. Produzir uma espécie de campo de concentração indolor para sociedades inteiras, para que as pessoas na verdade tenham suas liberdades suprimidas, mas gostem, porque elas serão distraídas de qualquer desejo de se rebelar - pela propaganda, ou pela lavagem cerebral, ou pela lavagem cerebral aumentada por métodos farmacológicos. Esta parece ser a revolução final.

Aldous Huxley-1961

UBUNTU SOMOS TODOS UM

Ubuntu



O termo Ubuntu é uma abreviação da expressão, ou do ditado, de origem africana: ngobantu ngumuntu ngabantu. O Ubuntu é a expressão de uma ética e de uma filosofia que valoriza o vínculo social, a comunidade, a cooperação, a solidariedade, a fraternidade e um compromisso de lealdade para com o outro, acima do interesse individual. Na falta de uma tradução exata e literal, algumas aproximações são sugeridas, como: Eu sou pelo que nós somos; Eu só existo porque nós existimos; Somos todos um; Humanidade para com todos; Sem você eu não sou; Em você torno-me humano... além de várias outras possíveis. Nas palavras do premiado Nobel da Paz, Arcebispo Desmond Tutu: ¨Uma das coisas em nosso país é o Ubuntu – a essência do ser humano. Ubuntu fala principalmente sobre o fato de que você não pode existir como ser humano de forma isolada. Ela fala sobre nossa interconexão. Você não pode ser humano sozinho, e quando você tem essa qualidade – Ubuntu – você é conhecido por sua generosidade. Nós pensamos de nós mesmos muito frequentemente, apenas, como indivíduos, separados uns dos outros, enquanto quando você está conectado, o que você faz afeta o mundo inteiro. Aquilo que você faz bem, se espalha, é para toda a humanidade... Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível aos outros, apóia os outros, não se sente ameaçada quando os outros são bons e capazes. Ele ou ela, tem uma auto-confiança que vem de saber que ele ou ela pertence a um todo maior, e é diminuído quando os outros são humilhados ou diminuídos, quando outros são torturados ou oprimidos.¨
bodhisattva
Há uma história que ilustra muito bem o que é esta filosofia. Um breve resumo:
Na falta melhor do que fazer, um antropólogo enquanto aguardava um transporte que o levasse de volta para casa, teve a grande ideia de comprar alguns doces e fazer uma experiência com as crianças da tribo que estudava. Disse a elas que a primeira que chegasse onde se encontrava as guloseimas seria a dona de tudo, e poderia saborear sozinha o conteúdo da cesta que havia deixado sob uma árvore não muito distante dali. Para sua surpresa, as crianças correram juntas de mãos dadas até onde se encontrava o balaio e compartilharam felizes tudo o que encontraram nela. Não entendendo muito bem o acontecido, perguntou:_ Por que vocês correram juntas, de mãos dadas, se aquela que tivesse chegado antes poderia ter tudo só para si mesma? As crianças olharam espantadas para ele e disseram: _Ubuntu, senhor. Como é que apenas um de nós poderia ficar feliz se todos os outros ficassem tristes?
UBUNTU para TODOS aqui dos outros cantos do mundo que sofremos da ausência desse contato estreito com o próximo. Daí, serem a solidão e a depressão as nossas companheiras inseparáveis!
Que esses ventos vindos da Mãe África elevem nossos espíritos e nos encantem com a sua inocência!


   Meninos - Xangai
Vídeo tomado emprestado do canal Francisco Buarque:
https://www.youtube.com/watch?v=zMdWhaZFxUM

*
As criançaque desconhecem o Bullying! 
*

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Uma Guerra - Darwin e o darwinismo

 GUERRAS

Guerra Santa


Quase nada do que se acredita sobre Darwin é rigorosamente verdade. A teoria da evolução - segundo a qual todas as espécies descendem, no máximo, de alguns poucos ancestrais rudimentares e comuns – já estava bem estabelecida antes que ele contribuísse para seu aprimoramento. Seu grande aditamento, a doutrina da seleção natural ou ¨da sobrevivência dos mais aptos¨, nunca pretendeu ser uma explicação total de como funciona a evolução e era desconsiderada por alguns dos seus mais próximos defensores. Thomas Huxley, por exemplo, que foi reconhecido, com razão, como porta voz do darwinismo e que preferia um macaco a um bispo como remoto progenitor, nunca acreditou na seleção natural. O próprio Darwin nem sempre lhe foi fiel, às vezes preferindo a ¨seleção sexual¨ - a eliminação de tipos não favorecidos na luta pelo acasalamento – como o ¨principal agente¨ da mudança evolutiva. Teorias evolucionistas estavam, por assim dizer, no ar do seu tempo – como a ¨chave de todas as mitologias¨ de Casaubon e a da ¨busca da base comum de todos os tecidos vivos¨, de Lydgate. Outros pesquisadores estavam na pista da seleção natural ou tinham esboçado a idéia quando Darwin publicou sua teoria. Ele foi menos importante como pensador original do que como divulgador convincente.
A imagem de Darwin, projetada por seus amigos e família, como personificação da filantropia vitoriana e da caridade natural, era um truque de propaganda, uma promessa de campanha de um candidato à veneração como herói, uma dessas promessas que se cumprem ao olvidá-las. Apesar de sua grande riqueza, era prudente com ela ao ponto de parecer avarento...
A ciência de Darwin também não foi menos politicamente apaixonada, nem menos desinteressada do que qualquer outra. Foi um produto de sua época e das circunstâncias e serviu aos interesses de uma raça e classe particulares. Não havia uma linha divisória clara entre darwinismo ¨científico¨ e darwinismo ¨social¨...
A saúde precária o torturava, muitas vezes sofria dores e tinha acessos de vômitos que por vezes duravam semanas e era perturbado pela angústia com a fraqueza e vulnerabilidade de seus próprios filhos. Seu interesse pela procriação científica e pela sobrevivência dos mais aptos era um eco evidente de sua própria situação. Sua convicção da unidade da criação era, em parte, resultado da observação social: seu desprezo pelos selvagens da Terra do Fogo, que encontrou na viagem do Beagle, o persuadiu de que o homem não civilizado era simplesmente um animal saído de uma bifurcação do tronco comum. O artista oficial do Beagle desenhou os nativos com realismo deprimente: peludos e com traços simiescos, com pernas tortas, joelhos para dentro, acabrunhados, o epítome de uma ignóbil selvageria.
À medida que seu trabalho avançava, Darwin se empenhava cada vez mais na busca de uma teoria que explicasse a evolução das estruturas sociais, as maneiras, a moral e as propriedades da alma – incluindo consciência e vergonha, frutos humanos da macieira do Éden. ¨Oh! seu materialista¨ censurava-se a si mesmo: em parte porque, tendo perdido a fé num acesso de amargura, quando morreu a filha muito amada, quis eliminar a Providência tanto da história quanto da criação; em parte, também, devido à influência, ante seus olhos, de um modelo de mundo competitivo e de uma sociedade de emulação, que selecionava categorias e raças, exatamente como a brutal e bela justiça da natureza selecionava espécies.
Refletindo sobre suas anotações a bordo do Beagle, em 1839, Darwin traçou o paralelo explícito. ¨Quando duas raças de homens se encontram, atuam exatamente como duas espécies de animais. Lutam, devoram-se mutualmente. (...) Mas logo vem a luta mais mortal, isto é, a de quem tem a organização mais apta ou instintos (ou seja, a inteligência, no homem) mais aptos para vencer.¨ Os negros, especulava, teriam evoluído para uma espécie distinta, se o imperialismo não tivesse posto fim ao seu isolamento. Como estavam as coisas, achavam-se condenados à extinção.
A intervalos, repetiu quase exatamente as mesmas opiniões até 1881, o ano anterior à sua morte. Embora Darwin não tomasse a iniciativa de aplicar a teoria da seleção natural à justificação do racismo e do imperialismo, cooperou com os esforços de muitos contemporâneos seus que o fizeram. Os britânicos, que triunfaram numa espantosa variedade de ambientes, pareciam escolhidos pela Natureza e testados na luta, como antigamente os judeus pareceram escolhidos por Deus e testados na fé. Era, portanto, adequado que, apesar de sua apostasia, Darwin fosse sepultado na Abadia de Westminster, o panteão dos espécimes da superioridade britânica.
No mesmo ano da morte de Darwin, morreu o conde de Gobineau, que – baseando-se mais no que então começava a ser chamado de antropologia do que na biologia – tinha estabelecido uma graduação das raças humanas na qual os arianos estavam no topo e os negros na base. Dois anos depois morria Gregor Mendel, o monge austríaco cujas experiências com ervilhas assentaram os fundamentos da ciência da genética. As implicações de seu trabalho não foram levadas adiante até o final do século, mas quando isso foi feito, ajudaram a completar a tendência para a qual Darwin e Gobineau tinham contribuído: entre os resultados, o mais influente socialmente foi a base científica sobra a qual, em combinação com os efeitos do darwinismo, o racismo parecia descansar.
A genética proporcionava a explicação de como um homem podia ser, inerente e necessariamente, inferior a outro em razão apenas da raça. A antropologia dos sábios na tradição de Gobineau fornecia o que passava por prova. Darwin ajudou a proporcionar uma justificação para a submissão de raças naturalmente inferiores às mais bem adaptadas. Como conseqüência parcial, a primeira metade do século XX foi uma época de impérios seguros de si mesmos, uma época em que se podia fazer os críticos do imperialismo parecerem sentimentais ou anticientíficos, num mundo cortado pela espada em fatias, empilhadas em ordem de raças.
Nenhuma época anterior conseguia formular doutrinas racistas de modo tão completo ou tão convincente. Os impérios do início da era moderna tinham sido construídos com teorias muito menos abrangentes... Agora, exatamente quando o poder branco atingira seu ponto mais penetrante e difuso, a teoria científica ajudava a impô-lo nas metrópoles coloniais. Os imperialistas do Ocidente branco podiam enfrentar com confiança o resto do mundo.
Pode-se objetar que o racismo, de uma forma ou de outra, é antigo e onipresente: dizem que a maioria das línguas humanas não tem um termo para ¨ser humano¨, exceto o que denota particularmente os membros de uma tribo ou grupo; que a identidade sempre foi alimentada pelo ódio de aos de fora; que o desprezo é um mecanismo comum de defesa contra o forasteiro; que o que o século XIX chamou de ¨raça¨ fora encoberto, em épocas anteriores, pelo discurso de ¨linhagem¨ ou ¨pureza do sangue¨. Contudo, as concepções do imperialismo moderno eram singularmente arrogantes...
*grifos nossos
*Milênio – Felipe Fernández-Armesto


Bill Gates

Palestra proferida em uma escola secundária americana atribuída a Bill Gates
1_ A vida não é fácil. Acostume-se com isso.
2_ O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele antes de você sentir-se bem com você mesmo.
3_ Você não ganhará R$20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
4_ Se você acha o seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
5_ Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
6_ Se você fracassar, não é culpa dos seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
7_ Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora, eles só ficaram assim por pagarem as suas contas, lavarem as suas roupas e ouvirem você dizer que eles são ¨ridículos¨. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
8_ Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem tantas chances que precisar até acertar. Isso não se parece com absolutamente nada na vida real. Se pisar na bola está perdido...rua! Faça certo da primeira vez!
9_ A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim do período.
10_Televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
11_Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande possibilidade de você vir a trabalhar para um deles.
*grifos nossos
Incubadora da competição, do bullying e do individualismo. Negação desde o berçário da compaixão e da camaradagem, esta palestra é algo assim como a liturgia do capitalismo. O seu terço, rosário e mantra.  


                                                                         EM GUERRA
                                                                    A história do Mundo
                                                                      A história do Ego




Guerra Santa (...a...). Massacre de Siquém (...). Guerra de Lagash contra Umma (2525 a.C.). Invasões dos Assírios na Mesopotâmia (1300 a.C. a 630 a.C.). Batalha de Kadesh (1294 a.C.). Guerra de Tróia (1250 a.C. até 1240 a.C.). Primeira Batalha Naval - Hititas versus Chipre - (1210 a.C). Guerras Greco-Persas (500 a.C. até 448 a.C.). Guerras Médicas (490 a.C. até 479 a.C.). Guerra do Peloponeso (431 a.C. a 404 a.C.). Batalha de Leuctra (371 a.C.). Guerra: Samnitas versus Samnium (343 a.C. a 290 a.C.). Guerras de Alexandre, O Grande (334 a.C. – 323 a.C.). Batalha de Issus (333 a.C.). Batalha de Arbela (331 a.C.). Primeira Guerra Púnica (264 a.C. até 241 a.C.). Segunda Guerra Púnica (218 a.C. até 201 a.C.). Guerras Macedônicas (215 a 168 a.C.). Batalha de Pidna (168 a.C.). Terceira Guerra Púnica (149 a.C. até 146 a.C.). Guerras Romano-Persas (92 a.C. até 627 d.C.). Guerra Social contra os Aliados Latinos (91 a.C. a 88 a.C.). Guerra Civil de Sulla (82 a 81 a.C.). Guerras Gálicas (58 a.C. a 50 a.C.). Guerra do Primeiro Triunvirato (50 a.C. – 45 a.C.). Guerra Civil de Júlio César (49 a.C. até 45 a.C.). Invasão Romana das Ilhas Britânicas (43 a.C.). Guerra do Segundo Triunvirato (32 a.C. a 31 a.C.). Guerras Judaico-Romanas (séc. II e III). Massacre de Medina (213 d.C.) Guerra dos Três Reinos na China (220 até 265 d.C.). Guerra dos Oito Príncipes na China (291 a 306). Batalha de Adrianópolis (378 d.C.). Batalha de Chalons-sur-Marne (451 d.C.). Guerra Goguryeo-Sui (598- 614). Batalha de Badr (séc. VII). Batalhas de Meca e Medina (627 a 630 d.C.). Batalha de Dunnichen (685). Conquista Árabe da Espanha (711 – 718). Batalha e cerco de Constantinopla (717 – 718). Batalha de Tours (732). Batalha de Poitiers (740). Guerra Civil Árabe (750). Conquistas de Carlos Magno (771 a 814 d.C.). Invasões Escandinavas na Europa (800 até 1016 d.C.). Guerra Civil Muçulmana (1009). Invasão da Índia por Mahmud (1019). Batalha de Mastings (1066 d.C.). Conquista Romana da Inglaterra (1066). Cruzadas (1096 a 1291): 1ª: 1096 a 1099; 2ª: 1147 a 1149; 3ª: 1187 a 1191; 4ª: 1202 a 1204; Cruzada contra os Cátaros: 1209 a 1229; 5ª: 1217 a 1221; 6ª: 1228; 7ª: 1248 a 1254; 8ª: 1270; 9ª Cruzada: 1271 a 1291. Batalha e cerco de Jerusalém (1099). Guerra Civil Inglesa (1139 a 1153). Guerra da Barba (1152 até 1453). Batalha dos Chifres de Mattin (1187 d.C.). Conquistas de Gêngis Khan (1206 a 1227). Invasão Mongol da Rússia (1223 até 1240). Invasão Mongol da Bulgária (1236 a 1237). Invasão Mongol da Europa (1241). Primeira Guerra da Independência da Escócia (1296 – 1328). Invasão da Síria, da Índia e conquista do Irã por Tamerlão (séc. XIV). Segunda Guerra da Independência da Escócia (1332 até 1333). Guerra dos Cem anos (1337 até 1453). Guerra da Sucessão da Bretanha (1341 a 1364). Guerra Tokhtamysh - Tamerlão (1385 – 1399). Guerras Hussitas (1420 a 1436). Batalha e Cerco de Constantinopla (1453). Guerra dos Treze Anos – entre a Polônia e os Cavaleiros Teutônicos (1454 a 1466). Guerra das Rosas (1455 a 1485). Batalha e Cerco de Granada (1491-1492). Conquista da América Espanhola *mais de 25.000.000 de mortos nos primeiros 30 anos* (1492 – 1560). Guerras Italianas (1494 até 1559). Descoberta e Invasão do Brasil (1500 a 1822). Ocupação da Hungria pelos Turcos (séc. XVI). Batalha e Cerco de Tenochtitlán – cidade do México - (1521 a 1522). Guerra da Libertação da Suécia (1521 – 1523). Invasão da Índia por Baber (1525 até o séc. XVIII). Batalha de Cajamarca (1532). Conquista Espanhola de Yucatán (1540). Invasão Francesa no Brasil (1555 a 1567). Guerra dos Aimorés (1555 até 1673). Confederação dos Tamoios (1556/1567). Guerras Religiosas Francesas (1562 a 1593). Guerra Nórdica dos Sete Anos (1563 – 1570). Guerra dos Oitenta Anos (1568 – 1648). Invasão de Portugal pela Espanha (1580). Guerras da Espanha versus Inglaterra (1580 até 1603). Guerra dos Potiguares (1586 – 1599). Genocídio Indígena nos EUA *mais de 20.000.000 de mortos* (Séculos XVII, XVIII e XIX). Guerra Luso – Neerlandesa (1588 até 1654). Guerra dos Trinta Anos (1618 a 1648). Invasões Holandesas no Brasil (1624 até 1654). Guerra da Restauração (1640 – 1668). Guerras Confederadas Irlandesas (1641 a 1653). Guerra Civil Inglesa (1642 a 1651). Rebelião de Chmielnicki (1648 a 1654). Guerra Holandeses-Macássar (1652 até 1669). Guerras Anglo-Holandesas (1652 até 1784). Guerra Russo-Polaca (1654 – 1656). Guerra Sueco-Brandenburg (1655 a 1656). Guerra Sueco-Polaca (1655 – 1660). Guerra Russo-Sueca (1656 até 1658). Guerra Sueco-Dinamarquesa (1656 a 1660). Guerra Sueco-Holandesa (1657 a 1660). Guerra Russo-Polaca (1658 – 1667). Revolta da Cachaça (1660 a 1661). Conjuração do Nosso Pai (1666). Grande Guerra Turca (1667 – 1683). Guerra da Santa Liga (1683 até 1699). Guerra dos Bárbaros ou Confederação dos Cariris (1683 a 1713). Revolta de Beckman (1684). Guerra dos Palmares (XVII a XVIII). Grande Guerra do Norte (1700 – 1721). Guerra da Sucessão Espanhola (1701 até 1714). Guerra dos Emboabas (1708 – 1709). Revolta do Sal (1710). Guerra dos Mascates (1710 – 1711). Motins do Maneta (1711). Revolta de Mandu Ladino (1712 – 1719). Revolta de Felipe dos Santos (1720). Guerra Russo-Persa (1722 – 1723). Guerra dos Manaus (1723 a 1728). Guerra da Sucessão da Polônia (1733 a 1738). Guerra de Sucessão da Áustria (1740 – 1748). Guerra Guaranítica (1754 a 1756). Guerra dos Sete Anos (1756 até 1763). Guerra da Independência dos Estados Unidos da América (1775 a 1783). Rebelião Túpac Amaru (1780). Conspiração Inconfidência Mineira (1789). Guerras da Revolução Francesa (1793 a 1799). Conjuração Carioca (1794 a 1795). Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana (1798). Batalha do Nilo (1798). Conspiração dos Suassunas (1801). Guerras Napoleônicas (1803 a 1815). Guerra da Independência Espanhola (1804 até 1814). Batalha de Trafalgar (1805). Guerra Peninsular (1807 – 1814). Guerra de Independência da Bolívia (1809 a 1825). Guerra da Independência da Argentina (1810 até 1816). Batalha de Waterloo (1815). Guerra contra Artigas (1816 – 1820). Guerra da Independência do Chile (1817 a 1818). Ciclo Revolucionário de 1820. Guerra da Independência do Peru (1820 – 1825). Guerra da Independência do México (1821 até 1823). Guerra da Independência da Grécia (1821 – 1832). Guerra da Independência do Brasil (1822 a 1823). Batalha do Jenipapo (1823). Confederação do Equador (1823 a 1824). Guerra da Cisplatina (1825 a 1828). Revolta dos Mercenários (1828). Revoluções de 1830 na Europa. Conquista Francesa da Argélia (1830 – 1847). Noite das Garrafadas (1831). Insurreição da Cabanada (1832 a 1835). Revolta Federação dos Guanais (1832). Insurreição da Cabanagem (1834 a 1840). Revolta dos Malês (1835). Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (1835 até 1845). Insurreição Sabinada (1837 a 1838). Guerra EUA x México (1848). Insurreição Balaiada (1838 a 1840). Primeira Guerra do Ópio (1839 a 1842). Primeira Guerra Afegã (1839 – 1842). Batalha de Chapultepec (1847). Guerra EUA x México (1848). Revoluções de 1848 na Europa. Revolução Praieira (1848 a 1849). Rebelião Taiping *entre 20 e 40 milhões de mortos* (1850 a 1864). Rebelião Nien (1851 a 1868). Guerra dos Marimbondos (1852). Guerra da Criméia (1853 até 1856). Rebelião Miao (1854 – 1873). Guerras do Clã Punti-Hakka (1855 – 1867). Segunda Guerra do Ópio (1856 – 1860). Revolta dos Panthay (1856 a 1873). Guerra do Marrocos (1859). Guerra da Independência Italiana (1859 a 1860). Guerra dos Índios Americanos (1860 – 1890). Guerra Civil Americana (1861 a 1865). Revolta Dungan (1862 até 1877). Guerra do Paraguai (1864 a 1870). Guerra Austro-Prussiana (1866). Guerra Boshin (1868 a 1869). Guerra Franco-Prussiana (1870 a 1871). Revolta dos Quebra-Quilos (1874 a 1875). Motim das Mulheres (1875). Segunda Guerra Afegã (1878 – 1880). Guerra Anglo-Zulu (1879). Guerra do Pacífico (1879 a 1883). Conflito Israel-Palestina (1890 a...). Revolta da Armada (1893 – 1894). Guerra do Rife (1893 a 1926). Guerra Hispano-Americana (1898). Batalha de San Juan (1898). Guerra Acreana (1898 a 1903). Revolta da Vacina (1904). Guerra Russo-Japonesa (1904 a 1905). Genocídio Namíbio (1904 a 1907). Revolta da Chibata (1910). Guerras Balcânicas (1912 – 1913). Guerra do Contestado (1912 até 1916). Primeira Guerra Mundial *30.000.000 de mortos* (1914 a 1918). Genocídio Assírio (1914 – 1920). Genocídio Armênio (1915 a 1917). Revolução Russa (1917). Guerra da Independência da Irlanda (1919 a 1921). Guerra Civil e Revolução Comunista da China (1930 até 1949). Revolução de 1930-Brasil. Revolução Constitucionalista (1932). Guerra do Chaco (1932 até 1935). Intentona Comunista (1935). Guerra Ítalo-Etíope (1935 – 1936). Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939). Massacre de Nanquim *mais de 150.000 mortos* (1937/1938). Guerra Sino-Japonesa (1937 a 1945). Segunda Guerra Mundial *45.000.000 de mortos* (1939 a 1945). Deportados por Stalin para a Sibéria *3.300.000 pessoas* (1941 a 1949). Revoluções no Irã (1941, 1953 e 1979). Guerra Fria (1945 – 1990). Guerra da Indochina (1946 a 1954). Guerra Civil Indiana e Guerra Paquistão x Índia (1947 – 1948). Guerra da Independência Israelense (1948 – 1949). Guerra da Coréia (1950 a 1953). Revolução Cubana (1956 a 1959). Guerra do Vietnã (1962 a 1975). Guerra Sino-Indiana (1962). Guerra de Independência de Angola (1962 a 1974). Guerra de Shifta (1963 a 1967). Guerra de Independência da Guiné-Bissau (1963 até 1974). Revolução de Zanzibar (1964). Golpe Militar no Brasil (1964 a 1985). Guerra Indo-Paquistanesa (1965 a 1971). Guerra Civil no Chade (1965 até 1982 e 1998 a 2002). Guerra dos Seis Dias (1967). Atentado da Piazza Fontana (1969). Golpe de Estado em Uganda (1971). Batalha no Canal de Suez (1973). Guerra de Yom Kipur (1973). Genocídio Cambojano *mais de 2.000.000 de mortos* (1975 a 1979). Guerra Civil do Líbano (1975 – 1990). Guerra Civil Angolana (1975 – 2002). Golpe de Estado no Paquistão (1977). Guerra Líbia-Egito (1977). Guerra Uganda-Tanzânia (1978 – 1979). Guerra Líbia-Chade (1978 – 1987). Revolução Sandinista na Nicarágua (1979). Invasão Soviética do Afeganistão (1979 até 1989). Guerra Civil Afegã (1979 até 1989). Guerra Irã-Iraque *mais de 1.000.000 de mortos* (1980 – 1988). Guerra das Malvinas (1982). Revolução na Somália (1986 a 1992). Massacre do Capacete ou Massacre dos Ticunas (1988). Guerra do Golfo Pérsico (1990 a 1991). Guerra Civil da Somália (1991 a...). Guerra Civil da Bósnia (1992 – 1995). Guerra Civil da Argélia (1992 até 2002). Genocídio em Ruanda *800.000 mortos* (1994). Guerra de Kosovo (1998 a 1999). Guerra de Kargil (1999). Guerra do Iraque (2003 a 2010). Revolução de Jasmim (2010 a 2011)Periferia x Centro. Sul contra o Norte. Esquerda x Direita. Hetero x HomoMorro contra Asfalto. Rico contra Pobre. Leste x Oeste...Guerra Santa (... a...).
*Wikipédia
*Armazém de Idéias
*Portal São Francisco
*História Licenciatura



Vídeo tomado emprestado do Canal Mariposa7171

O Mundo dos Compulsivos


O MUNDO DOS COMPULSIVOS
e
A Divida Existencial

por V. E. Von Gebsattel

I. O Problema


O que sempre nos fascina ao encontrarmos com uma pessoa compulsiva é essa forma de ser tão distinta, tão impenetrada e talvez impenetrável. Setenta anos de trabalho clínico e de investigação científica não alteraram essa impressão.... Esta curiosidade intrigante nos impulsiona constantemente no afã de penetrar nos segredos desse mundo em que vive o compulsivo; pois este nosso mundo, no qual ele se encontra, não parece pertencer-lhe...
Nossa investigação se concentra na pessoa compulsiva considerada em sua totalidade e principalmente em sua forma especial de existir, que se situa em um mundo específico de ser diferente do nosso...

      II. Um Caso Histórico

Como base para nossas considerações vamos tomar um caso clínico... Vou apresentar muito sucintamente o seguinte caso histórico, com o único fim de apresentar uma base sólida e clara para as considerações que vamos fazer. Nosso caso é representativo do ‘psicopata anankástico’. O psicopata anankastico (A palavra ‘anankástico’ é derivada do grego ‘ananke’ - força e fatalidade – e significa ver-se arrastado pelo destino, sentir sua inevitabilidade e a impossibilidade de se escapar dele, como o experimentam subjetivamente estes pacientes; e o termo psicopata tem aqui um sentido que se restringe aos elementos psicopatológicos de tais pacientes). O compulsivo anankástico representa o tipo no qual os fenômenos de compulsão alcançam seu grau máximo de desenvolvimento sistemático...

Caso H.H

O paciente tem dezessete anos; dá impressão de timidez, embaraço, abatimento, introversão e inibição. Inteligente e ambicioso. Havia sido anteriormente o primeiro de sua classe e aprendia sem esforço. Teve que deixar o colégio em agosto de 1937 por fracasso total...
Queixa-se de compulsões. Para ele tudo é compulsão; não se vê livre nem por um segundo. Deseja intensamente liberar-se do seu sofrimento, mas não acredita em sua cura. Considera seu caso único. Esteve sofrendo compulsões durante oito anos sem saber o que o estava incomodando; se considerava normal. Desde sua primeira confissão nunca a considerou válida, porque, apesar de seus prolongados esforços durante horas, nunca conseguiu encontrar o “verdadeiro arrependimento”. A ansiedade o torturava em relação a certos votos. Ao recitar a saudação evangélica sentia que devia visualizar cada letra; ao não consegui-lo, cometia ¨pecado mortal¨. Comprometeu-se a fazê-lo a todo custo e como não obtinha êxito, quebrava um voto, um juramento, e tinha, então, que confessar ter perjurado 150 vezes. Por motivo da repetição da oração penitencial, surgiu a compulsão de contar. Quando um menino da escola proferia alguma palavra obscena em sua presença, ele a ouvia, e ao ouvi-la pensava, e ao pensá-la fazia; já que toda audição implica o pensamento correspondente, e todo pensamento é por si mesmo um ato. Escrúpulos muito agudos...
Aos doze anos, na manhã seguinte à sua primeira polução noturna, pensou ter molhado os lençóis, sentiu um forte cheiro e constatou que seu pênis estava úmido. A partir de então, nota que sua urina goteja, passa horas esperando que seque completamente e, ainda, envolve o pênis com papel higiênico a fim de que não lhe suje as roupas. Apesar desses cuidados, desenvolve um odor que o domina por todo o dia. Está sempre obcecado com o pensamento de cheirar mal. Mesmo estando a sós, essa sensação o tortura a ponto de impedi-lo de fazer as coisas mais simples, como usar o telefone. Por causa desse mesmo odor que ele considera objetivo, mostra-se mais tímido e inibido.
Em geral, todos os seus atos estão governados por compulsões. Começam pela manhã quando se levanta... Cada ação é dividida em seus últimos e mínimos detalhes, executadas com exatidão e com a máxima atenção. Tudo é ordenado e planificado: levantar-se, banhar-se, secar-se, vestir-se. Primeiro esse movimento, seguido do outro, e do próximo e do seguinte sempre na mesma sequência. Com freqüência tem que permanecer de pé com os braços levantados, empunhando sua esponja antes de seguir em frente. Logo deve estar de pé novamente e voltar a pensar cada detalhe mais uma vez, especialmente se tem a impressão de não ter realizado cada ato com perfeição, sem distração e com plena consciência de cada um deles. Toda esta recapitulação se produz, sobretudo depois de alguma perturbação ou omissão no cumprimento do seu cerimonial. Sua “toalete” dura horas, na realidade nunca termina, e sempre chega atrasado a todos os lugares. Por isso, tem uma “consciência culpada”. Esta compulsão pela ordem se impõe em tudo: no modo de comer, entrar e sair pelas portas (onde não pode encostar-se em nada), roupas e nos incontáveis objetos que toca...
Nunca goza de um momento de paz; sempre resta algo para analisar ou inspecionar ou recapitular ou repetir ou lavar, e em tudo o persegue o odor nauseabundo de seu corpo, o que é o mais torturante de todo o resto. Vive deprimido, sem esperança, e pensa que indivíduos como ele, se deixados a si mesmos, morreriam de fome. Não tem vida sexual.

III. Aspectos Perturbadores na Síndrome Compulsiva

¨A Fobia Anankástica“

Nossos anancásticos crônicos confirmam plenamente a dupla natureza da síndrome compulsiva tal como se a conhece nos círculos psiquiátricos. Primeiro: o ¨psiquismo perturbador¨ que geralmente adota a forma de fobia e, como reação a este, o ¨psiquismo defensivo¨ que pertence os atos compulsivos mais destacados... Ao distinguirmos entre fobia anankástica e psiquismo defensivo, só o fazemos por amor à ordem, mas sabendo que ambos os elementos na personalidade anankástica em sua relação com o mundo formam um todo em que as sucessões de seus componentes se intercambiam.

A Ilusão de um Odor Fóbico

No centro da enfermidade compulsiva de H.H. se destaca com os rasgos inegáveis do ¨psiquismo perturbador¨ a obsessão de um cheiro corporal ilusório. Originado em sua primeira ejaculação espontânea e desde então se instalou de uma maneira totalmente coerente (coerente com referência à direção vital regressiva do anankástico) no sistema urinário e excretor... Este caso pode figurar como modelo das perturbações anankásticas da volição. De ordinário, leva horas o processo de limpeza depois de cada eliminação, e apesar disso, o pênis continua úmido, sujo, e consequentemente, capaz de manchar suas vestes na forma de um odor repulsivo. Vemos aqui uma dificuldade bastante notável em realizar e concluir determinadas operações; se comprova uma total incapacidade para executar el acte de terminaison (Janet)...O mesmo processo de eliminação e limpeza sujam também, e a sua sujeira se propaga, no espaço (na roupa) e no tempo (perdurando todo o dia). Desde agora todas as situações da vida servem somente como ocasião para realizar a obsessão... O dar-se conta de um odor nauseabundo sempre é perturbador por natureza. Implica sentimentos de sofrimento, aversão, vergonha, repugnância. Fica claro o caráter reflexivo da reação de repugnância fóbica. Esta vem obstaculizar em geral todo ato normal, toda ocupação normal, todo contato normal com as pessoas; terminando por isolar totalmente o paciente.
Vimos que a ilusão do odor fóbico está intimamente ligada à incapacidade de dar por terminada uma coisa, especialmente em dar por terminada a limpeza corporal. A persistência do odor de urina é o reverso da impotência de voltar-se às tarefas diárias, e almejar novas metas. Todos os problemas que traz consigo ficam sem resposta adequada e como reação ante esta inibição, volta-se reflexivamente à sua preocupação com o desagradável cheiro ilusório, como para formar, por assim dizer, um contínuo homogêneo com que preencher o tempo que se vai transcorrendo. H.H. sente-se ¨grudado¨ a esse odor, expressando assim com propriedade a idéia de que a persistência de seu cheiro corporal é o símbolo de haver-se paralisado (emaranhado) no passado às custas do futuro, o qual, por sua vez, está representado nas tarefas que vão se apresentando...A incapacidade de concentrar sua energia na realização do seu desenvolvimento pessoal e no cumprimento de seus deveres é que constitui seu transtorno real, relacionado, talvez, com a inibição depressiva endógena. Em todo caso, está patente aí o propósito de cegar o manancial da vida, com o que se impede sua temporalização. Bloqueia-se o devir e fixa-se o passado. Esta fixação pode experimentar-se como uma polução, que se traduz no homem na experiência desse odor corporal gerador de ansiedade. Pois não se trata em absoluto de um odor real ou de uma sujeira efetiva; mas são ambos símbolos de uma vida privada de uma das possibilidades de purificação, como seria sua orientação voltada para o futuro. Assim vemos que o paciente compulsivo faz o que não pretende fazer, e não pode fazer o que pretende. A falta de liberdade patente na conduta do compulsivo pertence à essência de sua situação.

IV. O Aspecto Defensivo da Síndrome compulsiva e a Natureza da Compulsão

O caso de H.H. apresenta outro aspecto instrutivo. Como muitos anankásticos, sofre de um transtorno na capacidade de trabalhar, que se revela especialmente como uma dificuldade para empreender algo novo e para concluir o iniciado... Produz-se uma ruptura entre a ação e a realização; isto se traduz em atitudes grotescas, como quando H.H. permanece parado em sua casa vestido com sua jaqueta, mas não pode sair, pois não tem certeza se está, ou não,
com ela... A pessoa, em sua qualidade de ser vivente que avança até o futuro, não entra na execução objetiva de sua ação, e por isso, depois de realizada está exposta à dúvida de sua execução ou não...
Normalmente a vida se purifica mediante sua entrega generosa às forças do futuro e às tarefas que este convida. Ao frear e inibir sua marcha até sua auto-realização o indivíduo se cega ao manancial profundo de sua capacidade de vir a ser e de pagar assim a dívida de sua existência. Surge nele, então, um sentimento vago de culpabilidade, tal como vemos às vezes nos melancólicos inibidos. Esse sentimento de culpabilidade se concretiza nestes últimos na forma de auto-reprovação que pode resultar em manias incorrigíveis por estarem alimentadas pela inibição generalizada da capacidade do devir.
O sentimento de encontrar-se sujo poderia ser somente uma forma particular do complexo de culpabilidade no qual a vida inibida se dá conta indiretamente de seu estancamento. Non elevari est labi (Não levantar significa cair): assim parafraseia Franz Von Bader os ditos populares: ¨A ferramenta que não trabalha cria ferrugem¨, ¨Não ir adiante é voltar atrás¨, ou ainda: ¨A água que não corre forma um pântano; a mente que não trabalha forma um tonto¨ (V. Hugo).
O que revela a preocupação anankastica pela sensação de sujeira é a culpa de não livrar-se do passado. É preciso deixar cair o passado como o excremento; assim a vida sadia que aponta ao futuro vai soltando constantemente o passado, deixando-o para trás, eliminando-o e limpando-se dele. O compulsivo não toma o passado como um tempo pretérito – pretérito perfeito – (¨colado¨ ao passado, dizia H.H. de si mesmo); desse modo, não pode eliminá-lo, nem deixá-lo para trás, pois isso exigiria sua abertura ao futuro. Algo sem terminar pressiona e reclama a atenção do compulsivo, como reclama o futuro as energias e o entusiasmo da pessoa sadia. Assim sendo, o anankástico não só não avança em suas posições, mas ainda se vê invadido pelo passado através dos símbolos do impuro, manchado e morto... Ameaça com imundície e putrefação: símbolos todos de uma tendência nociva à personalidade, a seus valores, sua beleza e a sua perfeição...
¨Enquanto a carroça avança, as abóboras se acomodam.¨
*Grifos nossos;
* Breve resumo de um trecho do ensaio: El Mundo de los Compulsivos - V. E. Gebsattel;
*Livro: Existencia - Nueva Dimensión En Psiquiatría Y Psicología;
*Rollo May; Ernest Angel, Henry F. Ellenberger (eds). Madrid, Editorial Gredos S.A.